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“Meditando no deserto, num momento de profunda transformação e dor, peguei um punhado de areia e deixei escorrer entre os dedos. Naquele momento, achava que a vida não tinha sentido algum. Vaguei por horas e somente o vazio habitava em mim.

Ao longe, pude ver alguém que vinha em minha direção. Parecia uma criança sedenta e com fome. Ao me aproximar dela, estava ferida e não conseguia falar de tão fraca e sedenta. Abracei-a e tentei descobrir o que houvera.

Sua família morrera no deserto, vítima de ladrões, e seu pai, ao pressentir o perigo enterrou-a sob a areia, na esperança que escapasse.

Horas mais tarde, após ouvir seu relato, me envergonhei. Vi o quanto sou pequeno quando não percebo que tenho que viver em gratidão ao Senhor, pois as minhas provas não são nada diante de tanta dor.

A areia a havia salvo. A mesma que se esvaia entre os meus dedos e que se adquirira, agora, uma importância muito maior que meus queixumes.

De volta ao deserto, pude perceber a grandeza da Criação e o sentido das lições que aprendemos com a vida. Antes de se queixar, de achar que está entre os últimos, de perder o sentido a vida, observe o horizonte do seu deserto pessoal. Quem sabe, ao longe, uma criança faminta, doente, não esteja vindo ao seu encontro, assim como o sol para abrir sua consciência e o seu coração para a caridade.

Em verdade vos digo que o egoísmo é o sentimento que mais embota a nossa razão, que mais endurece o nosso coração e mais cega a nossa consciência. ”

Por Joel Aleixo em 05 de maio de 2000. 

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